quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Hoje recordei Paris

Hoje, quando regressava do Holmes Place, deparei com um quadro que me deixou magoada e infeliz:
Alguém dormia, completamente tapado por uma manta, no vão duma porta dum prédio da Av. Defensores de Chaves. Fiquei parada a olhar. Quem lá estava não se mexia. Havia em seu redor embalagens de cartão, roupa amarrotada,uma garrafa de água vazia. 
Porquê?
O que levou este ser humano a esta extrema degradação?
E então recordei o que senti há mais de 50 anos quando da primeira vez que estive em Paris.
Os clochards! O mistério que eles escondem e a fascinação que então me dominou.
Olhava-os como hoje olhei para o vulto adormecido.
-Que sentem?
-Será que a sua opção de vida foi voluntária ?
- São seres marginais que preservam , acima de tudo, a sua independência?
- Limitam-se a  existir?
- Haverá alguém que os ame ou que os tenha amado ?
Gostava tanto de compreendero que está para além do seu olhar vazio que nos olha sem nos ver...

1 comentário:

Anónimo disse...

Para mim o que atirou a maior parte desta gente para as ruas? É uma sociedade injusta que deixa que se crie o alto luxo que por sua vez cria a miséria ao extremo. Esses pobres da rua, foram amados já não o são? O que eles sentem? será que que já sentem alguma coisa? Ou, já há muito que lhes foi roubada a dignidade. Alias penso, que lutamos pouco pela nossa dignidade. Vão metendo o ser humano lentamente no cerco, e quando acordam o muro está tão alto que já não o podem saltar, estão cercados. Há uma coisa que eu gosto em mim. Nunca me deixei vencer e na política ainda muito menos. Queriam que eu fosse por aí, mas, por aí eu não vou. Linda