Na minha infância , a seguir ao Natal era hábito virmos passar uma semana a Lisboa. Creio que , por vezes , a passagem do ano era cá. Eu não ficava muito feliz, mas os meus pais gostavam. Eram as idas aos espectáculos, ao Casino Estoril que eles adoravam, ao D. Maria, às revistas. E , era infalível: - a ida ao Coliseu era obrigatória. Eles pensavam que me estavam a proporcionar uma tarde feliz mas, na verdade eu detestava. Detestava completamente. Ainda tentei dizer que não, que Coliseu, não queria mas não dava. Eles não podiam conceber que tinham uma filha que não gostava de circo.Como era possível não admirar tal espectáculo ?
Pois é verdade . Eu detestava e a maior parte do tempo fechava os olhos para não ver.
Os palhaços com o seu olhar triste faziam-me sofrer. Apetecia-me chorar. Coitados dos palhaços ! Coitados ! A minha mãe dizia-me : - olha agora. Este é o palhaço rico . Este não faz pena. Podes olhar , filha. Que disparate !
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Não gosto de circo.
Nunca levei os meus filhos ao Coliseu. Se lá foram, e penso que é provável que tenham ido, foi com o pai. Não gostar de ir ao Coliseu? Que disparate !
Riem para não chorar !
Talvez seja por isso que abomino risos falsos, gargalhadas sem motivo, toda a manifestação de alegria que não é genuína.
2 comentários:
Obrigada Constança pelos amáveis votos Boas Festas e desejo para si e todos os seus igualmente Boas Festas e tudo de bom, que bem merece pelas amáveis histórias que nos conta. Adorei a hist´ria dos gémeos, eu se pudesse teria feito o mesmo. Quqnto aos seus comentários politicos já sabe que estamos em sintonia. Abraços Gigi
Tem graça que eu também não gostava de Circo, e muito menos do palhaço rico, que estava sempre a bater no pobre. Meu pai, sabia a minha reacção, não me levava, mas a minha mãe não ligava e lá ia eu toda contrariada também. Hoje ao telefone uma amiga disse-me: está a dar circo vê! Já me bastou quando era obrigada, respondi. Então agora que sou contra a prisão de animais. Linda
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