Ele não apareceu.
Talvez tenha adoecido ou ficado debaixo de
um eléctrico. Talvez outra pessoa se pusesse
na conversa com ele.
Talvez se tenha esquecido do relógio ,
ou o relógio se tenha esquecido de lhe dar o tempo certo.
Talvez o carro não pegasse ,
ou tenha avariado a meio do caminho.
Talvez alguém lhe telefonasse quando ia a sair de casa,
dizendo-lhe que tinha de ir a um funeral ou que a mãe dele tinha morrido.
Talvez tenha encontrado um antigo conhecido.
Talvez tenha tido uma discussão no emprego, tenha sido despedidoe esteja a esconder
a cabeça debaixo de uma almofada.
Talvez a ponte estivesse fechada e
a seguinte também.
Talvez o semáforo permanecesse vermelho.
Talvez o multibanco tenha engolido o cartão
ou a meio do caminho tenha reparado que se esquecera
do porta-moedas.
Talvez tenha perdido os óculos,
não conseguisse deixar de ler,
houvesse um programa que ele queria acabar de ver,
não conseguisse dar a volta à fechadura da porta,
não encontrasse as chaves em sítio nenhum e
o cão dele de repente começasse a vomitar.
Talvez não houvesse um telefone por perto,
não encontrasse o restaurante
ou esteja noutro sítio , por engano.
Talvez - a última possibilidade ,
incompreensível e inesperada-
ELE TENHA DEIXADO DE ME AMAR.
Hagar Peters , "ENCONTRO "
Tradução de Maria Leonor Raven-Gomes,
in " Genoeg geddicht over de liefde vandaag," 1999
Este maravilhoso poema ( que bem gostaríamos de ter escrito ) vem hoje no Diário de Notícias , página 5 do Suplemento de Economia.
Comentá-lo ?
Para quê ?
Há situações de tal modo absurdas que só a perda" do tal amor" pode justificar.
Mas , essa possibilidade também é tida por incompreensível e inesperada..........
Então ?
O que resta ?
sábado, 12 de janeiro de 2013
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1 comentário:
Essa de ter ficado debaixo do electrico, é muito pouco sonhadora. Linda
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