Sabem com quem fui ?
Possivelmente, ela já nem se recorda, mas fui com a Maria Antónia, ( afilhada de Salazar ) e no carro da Presidência do Conselho. É verdade. Há séculos , mas lá fomos as duas.
O filme era sufocante , mas vimo-lo até ao fim, absolutamente fascinadas.
Foi, a partir desse dia que comecei a ter medo daquilo que, vulgarmente, se domina por paixão.
Era este o tema do filme : O amor exacerbado dum homem por uma mulher que o leva às piores loucuras e cujo final ainda permanece na nossa memória.
Indiferente à paixão de que era objecto, ela sai de casa numa manhã de Inverno em que nevava abundantemente . Vem toda envolvida no seu casaco de peles e tropeça em algo que se encontrava á porta de sua casa. Debruça-se para ver o obstáculo e depara com uma mão. Sim ! Uma mão ! O homem que a amava até á loucura tinha passado a noite à sua porta e aí tinha encontrado a morte.
O filme termina com o corpo a ser retirado da neve e ela a dizer , espantada :
-Coitado, o que foi que lhe aconteceu?
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Nessa altura , tinhamos começado a estudar Filosofia e o que encontrámos para definir Paixão foi :
- É um estreitamento do campo da consciência e o sujeito só vê na sua frente o objecto amado.
No dicionário , hoje, encontrámos :
Paixão - sentimento excessivo . Afecto violento. ( que pode ser por algo que se torne dominante não exclusivamente entre homem / mulher, mas todo o tipo de dependência patológica )
Paixão ?
Paixão - do verbo latino , patior, significa sofrimento. Suportar uma situação difícil, trata-se duma emoção de ampliação patológica.
O acometido de paixão perde a sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É um sentimento doloroso porque , em geral ,o sujeito perde a sua identidade e o seu poder de raciocínio. Assim sendo, a paixão torna-se uma patologia.
Há pesquisas que mostram que este é um sentimento passageiro, mas pode perdurar e tornar-se de tal modo obsessivo que domina completamente o índivíduo.
Chegámos.
Chegámos a Bin Laden.
Chegámos ao ódio que, era uma obsessão , que o dominava em relação à América.
Chegámos ao ódio que os americanos lhe nutriam.
Regressados há poucos dias dos EUA só conseguimos entender a venda de milhares destas T-Shirts vergonhosas , devido a um ódio patológico , gerado por uma paixão implacável.
Não. Esta não é a América que nós amamos. Os jovens alegres que vimos nas ruas floridas de NY, não podem ser os mesmos que brindaram nos bares à morte do maior inimigo da América.Ódio não pode gerar ódio.
Vingança não é justiça.
Definitivamente as paixões repelem-nos.
Assustam-nos.
( A venda destas t-shirts rendeu milhares de dólares - havia Bin Laden para todos os gostos - com uma faixa nos olhos a dizer DEAD em maísculas brancas. Com duas cruzes vermelhas nos olhos e uma pincelada vermelha em cima da boca, Bin Laden com as datas 1957 -2011 por baixo ou simplesmente a inscrição da frase"Obama killed Ussama". )
Esgotaram!
A geração 11 de Setembro tenciona renovar a colecção.
Se se venderam tantas T-Shirts porque não aproveitar?
Porque não?
TÃO TRISTE !
Onde nos leva a pode levar a paixão ?
Pobre América!
Pobres dos que morreram vítimas dum feroz fanatismo!
Pobre Bin Laden que foi morto pela PAIXÃO!
2 comentários:
Acho que também vi o filme que cita. A última imagem não me é estranha.
A paixão também me assusta,sobretudo as não correspondidas. São força desmedidas e descontroladas.
A moda das t-shirts é oportunismo comercial que tira partido da dor de quem perdeu os seus entes queridos em acções terroristas e do orgulho americano. Justiça e vingança.
Não misturando as paixões, a paixão amorosa quando correspondida parece que se anda no céu. Tendo a ideia de céu como a perfeição. Mas, o normal é que passe e nasça um outro sentimento mais calmo mais terno, mas igualmente bom e forte, aí é que é difícil. Falando em Bin Laden e outros como ele, é de temer porque no seu coração existe só violência. Os EUA, só mostram com esses comportamentos cegueira. Ainda bem que o Obama não aprovou a apresentação das fotos do estado em que o Bin Laden ficou. Eu acredito no seu falecimento não preciso mais que isso. Linda
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