sábado, 11 de setembro de 2010

MOÇAMBIQUE / ONTEM E HOJE

A Revista Visão desta semana traz uma reportagem que se pode considerar merecedora de toda a nossa atenção:
A Revolta do pão
O que está a correr mal em Moçambique
Confesso o meu espanto , consequência duma ignorância , que a partir de agora, considero injustificável. A realidade é chocante e arrasta consigo uma pesada desilusão.
De 1963 a 1965 estivemos em Moçambique, mais precisamente em Nampula, sede do comando militar do Norte. Foram dois anos em que nos integrámos na sociedade local. Conseguimos sair do meio restritamente militar e, graças às actividades que passei a exercer ( leccionava no Liceu Almirante Gago Coutinho e na Escola Técnica Neutal de Abreu), fizemos muitas amizades que nos marcarão para sempre. Havia uma agradável vida social , uma actividade cultural muito interessante e pouco e pouco ficamos a pertencer à "elite intelectual" da cidade  que  era notoriamente conhecida pela sua oposição à Guerra Colonial. Aprendemos a apreciar a Frelimo.  A respeitar a sua luta. A defesa dos povos colonizados.
Regressámos. Houve a descolonização. As notícias dos amigos que lá ficaram tornaram-se confusas... Confesso que o meu interesse durou até ao desaparecimento de Samora Machel.... Moçambique procura o seu destino.Tem menos potencialidades que Angola...Vai lutando pela sua democracia...
Era o que pensávamos.
A revolta do pão mostrou-nos uma realidade que nos chocou. Afinal está tudo a correr mal em Moçambique :
" Estas manifestações são contra um Governo de corruptos em que os ministros entam de calças na mão e saem de fato Armani"...
"Há células da Frélimo em quase todas as empresas e quem discorda da linha oficial sofre as consequências..."
A promiscuidade entre o poder político e económico é enorme. Muitas vezes os ministros e os generais são sócios das grandes empresas do país. Praticamente não existem grandes empresários sem uma relação intima com a Frélimo, o partido maioritário com 75% dos votos. O próprio presidente Armando Guebusa é milionário..."
E muito mais nos relata a reportagem da Visão.
Ontem, demonstrámos o nosso espanto com o facto da família Santos de Angola estar entre os portugueses mais influentes.
Hoje sentimo-nos verdadeiramente tristes com o que se está a passar em Moçambique.
Tanta esperança!
Tantos sonhos e ...........
"Esta foi uma revolta de Barrigas . ...subiu tudo duma vez... A dieta  é invariavelmente chima- um prato de farinha de milho , que se vai aquecendo e mexendo até fazer uma simples papa. A panela, pequena, terá que dar para cinco pessoas. A chima é acompanhada por um pouco de peixe. Outras vezes é servida com couves cozidas á parte. Com carne , quase nunca. " Comemos carne uma vez por ano. Um frango custa 130 metias (3 euros). É só para quem tem bom salário!

1 comentário:

Anónimo disse...

Tanta esperança que eu tive no 25 de Abril.Tanto no que referia ao povo Português, como os países colonizados. Que não era fácil eu tinha a consciência, mas, que desse neste estado de coisas não pensei. Como o homem mata o outro homem há fome para encher a própria barriga?´É crueldade, é um escândalo o que se está a passar em África e neste momento em Moçambique. Estão cheios como odres e o mundo calado que nem ratos, cabeça debaixo da asa como a avestruz. Que vergonha eu tenho de uma parte do ser humano. É frustrante, sentir que o mundo poderia ser melhor, é frustrante, ter um corpo, pensar, e não poder fazer nada para ajudar. Se penso muito, nestas e noutras injustiças, em menor escala claro, mas que não deixam de ser injustiças, fico doida. E agora, estou a falar de Portugal, que sofrimento é o de ficar sem emprego, que sofrimento não poder dar o razoável à família, e saõ 600mil, fora as pensões miseráveis que recebem os mais velhos. Nós sabemos hoje, temos conhecimento de como é necessária uma boa alimentação para o corpo e para o cérebro. Há 2 milhões em Portugal, que não se alimentam em condições. E há culpados, e sabemos onde e quem são. Os artigos de luxo vende-se, os carros de topo de gama, os andares mais caros, tudo isto se vende, e os 2milhões não se alimentam com o que deviam. Fico por aqui, senão nunca mais me calo. Linda