sábado, 18 de junho de 2011

GARGALHADA / POEMA DE CECÍLIA MEIRELES

GARGALHADA
                      (Cecília Meireles )

Homem vulgar! Homem de coração mesquinho !
Eu te quero ensinar a arte sublime de rir .
Dobra essa orelha grosseira, e escuta
o ritmo e o som da minha gargalhda :

AH!  AH!  AH! AH!
AH! AH! AH! AH!


Não vês ?
É preciso jogar por escadas de mármore baixelas de ouro.
Rebentar colares, partir espelhos, quebrar cristais, espadas  e despedaçar estátuas,
destruir as lâmpadas, abater cúpulas,
e atirar para longe os pandeiros e as liras.

O riso magnífico é um trecho dessa música desvairada.

Mas é preciso ter baixelas de ouro.
Compreendes ?
- colares, o espelho, e espadas e estátuas
E as lâmpadas ,Deus do céu!
E os pandeiros ágeis e as liras sonoras.

AH! AH! AH! AH!
AH! AH! AH! AH!

Só de três lugares nasceu hoje essa música heróica:

do céu que venta,
do mar que dança,
e de mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

Saber, saber sempre. Nunca li nada de Cecília Meireles, vou passar a ter mais um livro na minha estante. Obrigada Linda