SABER OUVIR/ SABER ESCUTAR

Escutar é ouvir com o coração.
São Bento disse :
-Abre o ouvido ao teu coração.
 Pretendia dizer que a escuta não é apenas a recolha do discurso verbal.
É uma atitude.

É colaborar amigavelmente num processo de discernimento cuja palavra derradeira cabe sempre à liberdade do próprio. "

Saber escutar é uma arte.

Infelizmente, cada vez mais rara.
Ontem , falámos convosco da importância do diálogo.
Agora estamos a falar em
Saber ouvir
E as pessoas precisam cada vez mais de ter quem as oiça.

As crianças , gostam que oiçam o seu bla, bla, bla.

As adolescentes ( estamos como sempre a pensar nas netas ), precisam de deitar para fora o que lhes vai na alma.
Os idosos , esses , nos tempos actuais, chegam a ir a consultas médicas para ter quem os oiça.
Sabemos de casos desses.
SABER OUVIR
Dar atenção.
Apenas escutar

Ter possibilidades de ser analisado seria o ideal

 

"Uma cura pelo amor "
São Bento disse :
" Abre o ouvido ao teu coração "
Mais uma vez a ciência e a religião tão próximas.....

Estes pensamentos ocorrem-nos porque hoje vivemos duas experiências que nos levaram a estas reflexões.
Ei-las:
Trata-se duma senhora que deve ter a nossa idade. Nunca falta às aulas de Yoga. Sempre só , muito calada, entra e sai sem darmos pela sua presença.
Pois hoje, antes da aula começar dirigiu-nos a palavra :
- Desculpe, mas embora não tenhamos confiança , acho-a tão aberta , tão simpática  que gostaria que me desse um conselho.
- Com todo o prazer. Terei muito prazer em ajudá-la.
- Sabe, tenho uma dor.........não sei se será ciática........não passa....... e tenho receio que os exercícios de Yoga a agravem.
- Temos uma colega, a Linda que hoje não veio  e que tem esse problema.
   Penso que será preferível falar com o mestre.
   Ele saberá aconselhá-la. Mas gostei imenso que me tenha vindo falar.
  
Ela assim fez.
A verdade , é que gostei que ela me tivesse procurado.
Mais uma amiga.
Porque não ?

A outra situação não é bonita de contar.
É triste !
Muito triste !
Pouco depois do almoço , toca o telefone .
Oiço a voz dela , forte e vibrante :
- Então já regressaste do Brasil ?
Tratava-se da minha amiga que se encontra completamente confusa ( Alzheimer )e que resolveu escolher-me para ouvinte passiva dos seus devaneios.
Que fazer ?
Instintivamente , sem bem reflectir disse-lhe.
- Olha, ainda estou no Brasil e as chamadas são muito caras.
- Então adeus. Quando chegares apita.

Por mais que o deseje não apitarei . Não!
É muito triste mas não dá para ficar horas ao telefone a ouvir relatos sem nexo de tempos passados.
Pobre amiga !
Pobre Catarina !