O semanário Sol ,iniciou hoje a publicação das cartas de Maria Barroso a Mário Soares ( 1961 - 74 ).
Estão aqui , esperando tranquilamente que a nossa conversa de hoje termine para serem devoradas.
Se há alguém, no nosso meio intelectual, que é para nós uma referência é, sem dúvida, ela.
Há quantos anos a conhecemos ?
Perto de 70 !
Dá para acreditar ?
Era na praia da Batata , em Lagos , que nos encontrávamos. As nossas mães conversavam na barraca , enquanto à beira mar as meninas molhavam os pés. A Regina, a Caçanita e a Maria. Elas já andavam na faculdade . Nós , ouvíamos as suas conversas e , com menos idade não participávamos. Mas , era com delícia que as escutávamos.
E como esquecer aquela tarde memorável em que Maria Barroso recitou Garcia Lorca no Clube dos Artistas?
Repleto !
Muito calor! As janelas abertas ! Montes de pessoas deslumbradas ouvindo aquela voz de mulher gritando contra as injustiças do mundo cruel em que vivíamos.
( Vivíamos) ?
Estávamos , talvez,no final da Guerra. Das 2 guerras. Pois a de Espanha , também a sentíamos. Ainda hoje recordamos a emoção que aqueles poemas nos despertaram:
"Eram 5 de la tarde"
........................
E os aplausos não paravam. Havia lágrimas em muitos olhos. Havia....
Mais tarde , soubemos que ela tinha ido casar à prisão com Mário Soares e alguns anos depois fomos ao Nacional ver Mariana Alcoforado.
Entretanto , o tempo foi passando. Veio o exílio. O afastamento. Da vida política e do teatro.
Chegou o 25 de Abril. Eles voltaram e a Maria Barroso passou a fazer parte da nossa vida.
Ela pertence-nos. Talvez nenhuma outra mulher represente tão completamente Portugal como ela.
Pequena . Frágil. Sempre impecável no seu estilo de Senhora, ela é uma amiga, um apoio, uma amarra.
Imaginam Portugal sem ela ?
Nós não conseguimos imaginar.
Assim, Meu muito querido amor
Será a nossa companhia neste fim de semana.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
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