VIVER SEM ELA ?

Ontem, no Tribunal de Paredes fez-se justiça.
José Fernando Barbosa Mendes , de 43 anos , foi condenado a 21 anos de prisão pelo homicídio da mulher com quem esteve casado 18 anos e teve  três filhos.
Um caso de amor ?
Mais um ?
Parece que sim.
" Matou-a porque sabia que ela não voltaria para casa." Disse uma das juízas.
Entre viver sem ela ou matá-la , ele escolheu a segunda hipótese . E agiu de forma lúcida e voluntária, alegou a magistrada , referindo contudo que o arguido não actuou de forma premeditada.

 O caso remonta a Dezembro de 2007 quando o corpo de Isabel Cristina foi encontrado num local ermo em Paredes.
Meses antes , a mulher de 36 anos , tinha-se refugiado numa casa -abrigo para vítimas de violência doméstica.
Ele não aceitou a separação. Viver sem ela ? Impossível! Começaram as mensagens. As tentativas de reconciliação. Finalmente um encontro.
Porque decidiu ela aceder ao pedido, conhecendo o temperamento violento do marido ?
Uma esperança ?
A saudade ?
 O encontro ocorreu a 23 de Novembro , por volta das cinco e meia. " A mulher entrou no carro do arguido e foram para um local ermo , frequentado por prostitutas , no Monte de São Domingos , junto ao Barro Branco. " Ali " o indivíduo apertou com as mãos o pescoço da vítima , até conseguir que ela deixasse de respirar . Em seguida abandonou-a numa ravina semi-despida ".

Populares só descobriram o cadáver a 19 de Dezembro.

O colectivo de Paredes , composto por três juízas , deu como provados os crimes de homicídio qualificado, ocultação e profanação de cadáver , violência doméstica e condução ilegal .
Matou-a porque sabia que ela não voltaria para casa.
Que se passou entre eles , que não foi revelado , naquela tarde fatal ?

Perante a revelação dum amor, que teimava em existir ela deve ter mantido a sua firme recusa.Nunca mais. Acabou. Não voltarei. Nunca.

O desespero. A não aceitação, ditou o acto. Daí a não premeditação.

Fica, contudo , uma pergunta.

- Porque foi Isabel Cristina ao encontro se não tencionava reconciliar-se ?

  A resposta  talvez seja :

  - A saudade.

    Um amor que não morreu totalmente.

E depois do encontro a desilusão.

Que se teria passado no interior morno  do carro, naquela tarde fria de Novembro ?

Cristina está morta. O marido cumpre 21 anos de prisão.

Os filhos ?

As três crianças ?

Conseguirão, mais tarde ,viver num mundo melhor ?

Pobre família , destroçada pela violência dos sentimentos !