sexta-feira, 13 de agosto de 2010

MÃE E FILHA

Hoje da parte da manhã fui até ao Vasco da Gama,na Gare do Oriente. Passeei, vi as últimas promoções da época de Verão que já estão a finalizar e regressei. O Metro chegou. Entrei e sentei-me.Olhava sem ver, pois hoje não estou feliz. Muitos problemas toldam o habitual optimismo que, felizmente, é uma caracteristica dominante da minha maneira de viver. Mas  a tristeza é mais forte. E esta sexta-feia 13, será sempre recordada, não pela sua simbologia ( pois de supersticiosa felizmente não tenho nada ) mas pelo sofrimento que domina o meu filho mais novo pela perda do seu companheiro de 13 anos. 
Difícil.
Muito difícil!
Então reparei, que na minha frente estavam sentadas mãe e filha. Olhei-as. A mãe devia ter 24 anos ( mais ou menos). A menina uns 7 . Não eram especialmente bonitas mas apresentavam-se bem arranjadas. Muito parecidas. Ambas usavam óculos que se adaptavam perfeitamente às suas fisionomias. Sabiam escolher. Tudo nelas estava certo. Cuidado. Pensado. Nas mãos da mãe estava silencioso , como adormecido, um lindo telemóvel branco.
Não parei de olhá-las. Estava fascinada pois nunca visto nada assim. 
Não podia ser normal. A minha experiência de mãe e avó  dizia-me : -"Não pode ser. Elas vão acabar por falar."
Mas não falaram.
Da Gare do Oriente até ao Saldanha entre elas nada foi dito. Nada "mexeu". Silêncio. Silêncio. Indiferença total. Nem um gesto. Nem um olhar. A mãe , apenas olhou uma vez para o telemóvel. Ele , igualmente permanecia silencioso.
Como também desci no Saldanha, segui-as. Ambas eram elegantes. Caminhavam normalmente, a mãe levando a criança pela mão.
Onde está o mistério? Qual a razão de tanto espanto?
Também andei de Metro com os meus filhos e , agora, com os meus netos. E não paramos de palrar.
Que socialização está a ter esta criança para conseguir permanecer durante tanto tempo calada, imóvel, indiferente a tudo? Ambas olhavam para o vazio. O nada era o seu horizonte. E sentia-se que era assim a sua existência. Viviam sem comunicar.
Cumplicidade?
Onde estás?
Olhei-as até desaparecerem.
Lembrei-me do meu neto António que há dias disse à Constança.-"Sabes a Avó tem uma amiga no Metro e eu já a vi "
"- A Avó tem uma amiga no Metro e tu já a viste?"
-Sim. É uma pomba. A Avó mostrou-ma.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não foi um encontro positivo para o dia de hoje.Não foi, não! Sinto muito o que está a acontecer, o desgosto quem tem o vosso coração pela perda de um amigo fiel. Que hei-de dizer que a conforte? Quero que tenha uma noite de paz, como sei que em paz está o seu belo coração. Beijinho Linda