quarta-feira, 14 de março de 2012

UMA NOVA FLORBELA ESPANCA

Florbela Espanca é tão grande , tão maravilhosa, que nos parece tarefa difícil querer ser ela.Vestir a sua pele e assumir os seus sentimentos. Conseguir transmitir-nos as suas paixões explosivas, as suas angústias quase permanentes.
Quando vimos, no Palácio Galveias, referência ao filme de Vicente Alves do Ó,em  grandes cartazes com Dalila do Carmo , pensámos
Não conseguimos ver Dalila / Florbela.
Insensivelmente rejeitamos a actriz por fidelidade à poetisa da nossa eleição.Porém , vimos uma entrevista na Televisão acerca do filme e a nossa primeira sensação começou a desaparecer.Pareceu-nos sentir Florbela, e devagarinho o nosso interesse começou a crescer. O que começou a ser blasfémia deu lugar à aceitação.
O filme pretende, pelo que compreendemos,  contrariar a imagem tradicional e estereotipada da poetisa que temos, da poetisa alentejana. Esta Florbela  é uma mulher da sua época , emocionalmente inquieta, que deseja ser conhecida. O filme apanha-a durante três dias em Lisboa, já casada com o seu terceiro marido , e durante uma visita ao seu irmão Apeles.
 É interessante, mas o actor que representa Apeles, deu-nos imediatamente a imagem do jovem aviador morto precocemente e que tão ligado estava a Florbela.
O que desde logo sentimos foi o cuidado extremo com que o tema foi tratado, a beleza dos cenários, o bom gosto e o carinho que todos sentiram pela nossa maravilhosa Florbela Espanca.
Aqui fica uma certeza.
Ver o filme o mais depressa possível.
Houve uma afirmação de  Dalila que nos impressionou :
-"  Durante as filmagens, sentíamos dum modo avassalador a presença de Florbela. Ela estava presente. Connosco. Sempre.Aconteceram factos assombrosos e difíceis de descrever".
Sabem?
Depois de ouvir a entrevista, fomos à Biblioteca e passámos umas horas a ver livros, obras completas, retratos , documentação abundante e saímos de lá ainda mais dominados pela que foi , quanto a nós, uma figura ímpar de mulher.
A que melhor soube cantar o amor em toda a sua verdadeira amplitude.
Começámos a amá-la aos 16 anos e, tantos anos depois, ela  ainda nos emociona do mesmo modo.
Uma admiração para sempre.

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