sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A RUA . A LIBERDADE. A CAMARADAGEM

Desde sempre a rua, foi para nós sinónimo se liberdade.
Permitirem que saísse sozinha foi sempre algo que constituiu um prazer enorme.
Tendo uma mãe a quem foi totalmente interdita essa possibilidade , esse bem foi para nós sempre uma dádiva sem preço.
Ela que nunca foi livre , permitiu à sua única filha, gozar amplamente desse prazer.
E , assim , há mais de 50 anos saía sem companhia por todo o lado.
Tão bom !
A concessão passou para os nossos filhos que, desde sempre, gozaram do privilégio da praceta. Do espaço em frente de nossa casa onde a bola unia a rapaziada do bairro.
A bola !
A bola foi sempre uma presença na nossa casa.
Não recordo espaço em que ela não fosse senhora e rainha.
Os nosso dois rapazes  cresceram a brincar com os  da nossa área residencial. Uns eram da mesma escola e a amizade mantém-se. Outros , passavam e jogavam .Podiam  ser ciganos . Porque não ?
A bola.
A rua.
A rapaziada.
Assim , espanta-nos a ausência que ,actualmente ,se verifica dessa liberdade.
No passado
O investigador Rui Matos , salienta que , quando os actuais adultos eram crianças , não tinham os brinquedos que existem actualmente , usavam mais o corpo para a brincadeira e havia mais movimento.
O Carlos e o Diogo , mal chegavam da escola, lanchavam à pressa e, até à hora do jantar, jogavam à bola. 
- O que se passa agora ?
- Os pais têm medo.
  A organização das casas não proporciona o desporto e as crianças sentam-se a ver televisão ou dedicam-se ao computador.
Conclusão :
Brincam menos no exterior.
Gastam menos energia.
A obesidade chega e outros problemas aparecem.

O investigador e subdirector da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria , refere :
" Resguardar as crianças do perigo é bom , o problema é que eles ( os pais ) as resguardam de uma coisa mais simples que é o risco "  E se a criança " não se mexeu muito , pode não haver risco ou perigo agora, mas vai haver mais à frente , isto é, uma criança que não experimenta , que não arrisca um pouquinho ....mais tarde , quando precisar na vida real de se libertar de alguma situação eventualmente perigosa, talvez não tenha as capacidades motoras para o fazer .Faltam-lhe o equilíbrio , agilidade e  está um verdadeiro risco.
A verdade
É que temos saudade de ver os nossos filhos correr atrás da bola .
Bola , símbolo de camaradagem , uniformidade de classes, ausência de estatuto.
Simplesmente prazer.
Confessamos
- Preferíamos, sem dúvida esse tempo ao actual.
Consideramos que era ,indubitavelmente ,mais saudável sob todos os aspectos .
E, bem gostaríamos de ver os nossos netos correr , como os seus pais, atrás da bola .......
( Chegaram a ter verdadeiras bolas de futebol .Um sonho,por duas vezes realizado ).
SERÁ QUE , POR VEZES ,O PASSADO CONSEGUE SUPERAR O PRESENTE ?
NESTE CAMPO, ACHAMOS QUE SIM.

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