sábado, 15 de setembro de 2012

15 meses de solidão " / Rui Ramos / Expresso

" 15 Meses de Solidão "
    Rui Ramos
Expresso de 15 de Setembro de 2012

Quanto a nós só o historiador Rui Ramos conseguiu pôr o dedo na ferida.Só ele , conseguiu fazer uma analise correcta do momento histórico que estamos a viver.
Aconselhamos vivamente os nossos amigos a ler esta crónica de hoje no Expresso  pois de tudo o que se diz e escreve só aqui encontramos a explicação do problema.

" A origem desta crise é um Estado social para o qual não temos economia. O debate público está monopolizado pelas clientelas - corporativas, sindicais , empresariais e partidárias - que exploram o Estado. Em Portugal é só a despesa que fala e se mexe."
"  O Governo não pode simplesmente fazer de intermediário entre a troika e os cidadãos. Tem de fazer mais : criar condições para finalmente percebermos se há ou não outro país além do Estado arruinado e da economia artificial das últimas décadas. É esse o papel histórico deste Governo , se quiser e puder ter um papel histórico. Até pode não haver esse outro país . Colombo só descobriu a America porque havia a América. Mas se não houver , o falhanço não será do Governo , mas de todos nos. Porque se há limites para o que o   Governo pode pedir ao país , também há limites para o que o país pode pedir ao Governo."

Acreditem , meus amigos.
O historiador Rui Ramos conseguiu ( porque a sua preparação académica lhe permitiu ) chegar ao âmago da questão.Não pensem que é fácil chegar lá. Nós , desde o aparecimento de Passos Coelho na cena política nacional e do seu manifesto desejo de rever a Constituição , percebemos quais eram os seus reais  intuitos e considerámos que era tarefa demasiado pesada para ombros tão frágeis.
A sua solidão bem patente nesta semana bem o demonstra.
Ninguém pode seguir um caminho que não conhece e os portugueses estão completamente desorientados.
Alcançar privilégios é fácil , perdê-los torna-se impensável.
Portugal demorará muito a perceber o que se está a passar. E sem a adequada pedagogia não chegará lá.
Aliás, de há muito se sabia que estávamos a viver sobre a corda bamba e que com o aumento da longevidade era impensável aguentar o Estado Social como se apresentava.
Tinha que rebentar e rebentou.
Queiram ounão queiram rebentou.
E agora ?
Agora trata-se apenas de ver como conseguimos descalçar esta bota.

Vai demorar.
Mas temos que conseguir.
Porque não somos os únicos a lutar contra a maré . Estamos bem acompanhados e com maior ou menor rapidez havemos de perceber que as mordomias que tinhamos já eram.
E , toca a trabalhar porque para a frente é que é o caminho.
Conhecem o ditado ?
- Quem boa cama faz nela se deita ?
-É isso mesmo:
 Nós é que temos que fazer a nossa cama.
 O resto são cantigas.
Para conseguirmos dormir em paz , temos de fazer convenientemente  a nossa cama.
Nós , para percebermos bem o que estava prestes a contecer -nos fomos pessoalmente ver aqueles que tinham passado por privações semelhantes.
Visitámos a Alemanha.
A China.
Tencionamos visitar a Polónia , logo que possível .
E , com conhecimento de causa dizemos :
Não se pode viver acima das nossas possibilidades.
Há limites para as despesas do Estado
Um Estado que ajude , sim.
Um pai que tude domine  , já se viu que não dá.
Não dá, mesmo.
Nós é que temos que organizar a nossa vida. Abrir os nossos caminhos. Pensar no nosso futuro.

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