sábado, 31 de outubro de 2009

AINDA "A SOLIDÃO DOS NÙMEROS PRIMOS"



Terminada a leitura de "A solidão dos números primos" que fica?
Uma admiração enorme pelo escritor. Tão jovem! Que escrita fluente, inteligente, sem artifícios... Escreve como pensa. Não rebusca as palavras. Espontâneo. Espontâneo. Tem 27 anos. Tão novo! Tão novo! Será que já tem mais livros publicados? Creio que, pelo menos, há um: "As irmãs". Vou informar - me. Mas, e em relação ao conteúdo? Que pensar?....
Acaba a leitura. E agora?
Agora Nada. Agora é "A solidão dos números primos". Os números primos são divisíveis por 1 e pelo próprio número. Estão no lugar que lhes é proprio na infinita série dos números naturais, esmagados como todos entre dois, mas um passo mais além relativamente aos outros. "São números desconfiados e solitários e, por isso, Matia achava-os maravilhosos. Por vezes achava que tinham ido parar por engano àquela sequência, que tinham ficado lá aprisionados como pequeninas pérolas num colar...."
Nada há a fazer. Absolutamente nada. Aceita-se e acabou. Não há revolta. Não há luta. Nem esforço. Nem tentativa. Fica o vazio. A solidão. O sofrimento escondido. Envergonhado. Não partilhado. Mas
terrível!! Pobres seres! Pobres jovens condenados à solidão.
Este romance passa-se na Itália de hoje. Dos nossos dias. Sim, na Itália de Berluscconi. Mas é intemporal. A sociedade  não é relevante. Os personagens estão sempre sós. Não há partilha. Nem da dor. Quando pensamos que finalmente se vão encontrar. Que as condições estão reunidas... Fogem. Os números primos são solitários. Nada há a fazer.
Há uma grande dificuldade em aceitar que este livro (incrivelmente belo), foi escrito por um jovem. 27 anos! Tanta amargura! Tanta solidão! Tantos traumas! Desejo que Daniel Sampaio se debruce sobre o
perfil psicológico de Alice e Mattia e nos diga o que o que pensa. Ele que tanto se tem dedicado a esta problemática vai, certamente, reconhecer muitos dos sintomas por ele abordados em "Não se morre sózinho".
Livro de leitura obrigatória. Terrível. Faz doer. Faz doer.

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