Odiamos o outro porque nos desilude, porque nos exige reconhecer que não podemos esperar reciprocidade total. Odiamos ao darmos conta que todo o discurso amoroso é provisório , promessa que nunca se realiza da forma como sonhámos.Odiamos porque sentimos depender de outro, que é completamente diferente de nós e cujas acções não podemos controlar.
Odiamos porque nos irritam os seus gestos, a sua singularidade , tudo aquilo que não somos e que, por estar tão próximo de nós , nos conflitualiza e descentra.
Quando chegámos à fronteira do ódio, quando a nossa irritação está prestes a transformar-se em violência o que deve aparecer ?Se realmente o amor existe ?
Aparece a ternura como um exorcismo social que nos ensina a conviver com seres diferentes , seres que apesar de não corresponderem por completo às nossas exigências e pedidos , nos brindam com calor e companhia, enriquecendo-nos com a sua presença.
Se realmente o amor existe ?
A ternura é o caminho que percorremos quando nos damos conta da falibilidade humana, da proximidade do ódio e da facilidade com que , na vida íntima, nos convertemos em sujeitos maltratantes ".
José Luís Restrepo.
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