Foi hoje.
Entrou no Metro e sentou-se num lugar à minha frente.
Que idade teria?
Quarenta, perto dos cinquenta. Muito bem arranjada. Tailleur azul, blusa branca com folhos, colar dourado, óculos escuros de marca visível, bela carteira azul e branca... Ela apresentava-se completamente "arranjada". Séria. Muito séria. O mundo a seus pés. Poderosa. Dominadora. Senhora de si. Porque não? "Eu quero, posso e mando. " Não gostei dela. Não gostei, não. Pertence a uma casta que me irrita. Demasiado independente. "O mundo a seus pés". Porque não? "Tenho o poder!"
E houve na personagem algo que me intrigou levando a uma mais aprofundada observação: Apresentava uma flor no cabelo. Impecavelmente penteada, ao lado esquerdo, lá estava ela : uma linda flor.
Porquê?
Porque teria colocado aquela flor ?
Não estava de acordo com ela. Destoava. A flor significa ternura, amor, desejo de agradar, um chamamento. A atenção dum homem. Porque não?
A senhora do mundo, não faz apelos.Basta-se a si própria. Dispensa carinhos inoportunos. "Mariquices"... "Com os homens posso eu . Uns imbecis..."
Chegámos ao Saldanha. Levantou-se. Saíu. Ela, a sua prosápia e a sua flor.
Pobre flor!
Tão sózinha!
Tão sózinha!
1 comentário:
Que linda observação! que faria ali uma flor, numa pessoa tão distante? Moda ou sofisticação? No fundo, seria assim tão distante? Lembro-me de minha mãe que era um pouco assim, mas era sedenta de amor mas não sabia conserva-lo, não o prolongava. Tenho pena de minha mãe,nunca foi feliz desde a infância. Mas, há uma coisa que tinha além de ser bela, crianças, animais e plantas, davam-se lindamente com ela. Para o fim, ficou mais pacifica, mais compreensiva e assim deixou mais saudades. Eu, era uma apaixonada de minha mãe e neste momento que bom seria encostar a minha cabeça no seu peito. Linda
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