"OS DIAS E OS ANOS" / MARCELLO DUARTE MATIAS

Marcello Duarte Matias - foi embaixador. Esteve em paises distantes. Observou. Participou. Deixa-nos as suas reflexões. Angústias. Medos. Esperanças. Viu-o há tempos no programa Camâra Clara falando  com Paula Moura Pinheiro. Despertou a minha curiosidade. Alguns dos seus pensamentos são semelhantes aos meus. Aos vossos .  Desordenados. Sentidos. Sofridos. Vividos.

"O diário é uma procura permanente da nossa individualidade :

Uma dose de narcisismo e outra de masoquismo. Traduz um duplo movimento , a saber : um desejo de auto conhecimento em paralelo com a vontade de se inventar, de ser outro . Um fármaco, uma terapia sui géneris... É a memória a construir-se, um devir permanente. Daí o lado inacabado de todos os diários. Uma confissão.... Uma função terapêutica! Corresponde, à sua maneira, a um exorcismo.

O diário, faz as vezes de um amigo em que se pode confiar. Reencontros que são também uma libertação. Influência mais marcante na minha vida?

" Sem dúvida o meu pai foi a pessoa que maior inflência teve e , ainda hoje tem, em mim. Foi o espírito mais livre que já conheci ."

-"Doença grave?  - Julgo que a doença , uma vez passada, pode constituir, eventualmente,um enriquecimento, como toda e qualquer experiência "..................................................

Foram estas algumas das reflexões de Marcello Duarte Mathias  que me conduziram à recordação do meu processo de escrita. 

Foi também uma libertação de velhas mágoas escondidas no subterrâneo da memória e que com a palavra escrita foram esconjuradas. Exorcitadas. 

No Verão passado em Riccione eu escrevi o meu Diário

 A todos vós:
- Porque não?
Diário ? Memórias?
Escrever é, um processo de libertação. É um eficaz remédio para a angústia. Às vezes é necessário destruir para edificar. Apagar para reacender.
Comecem. Vão adorar e espantar-se convosco próprios.
É uma bela caminhada. Acreditem.