domingo, 14 de março de 2010

O VATICANO E A PEDÓFILIA

Ontem: - "Vaticano recebeu três mil acusações de pedófilia desde 2001".
O número foi divulgado por Charles S. Scicluna, promotor de Justiça no Tribunal da Congregação para a Doutrina da Fé, em entrevista ao jornal Avvenire, da conferência episcopal italiana. Hoje o Vaticano diz que as queixas chegadas ao Vaticano  em 9 anos foram cerca de 300 queixas de"verdadeira pedófilia" cometidas por prelados ou religiosos, entre 2001 e 2010." É preciso constatar que o fenómeno não está assim tão espalhado como se quer fazer querer pois há no mundo 400 mil padres e membros de ordens religiosas ". "Houve cerca de 3.000 acusações referentes  a crimes cometidos nos últimos anos. Em cerca de 60% dos casos, o que se verificou foram actos de efobolia, ou seja, atracção física por adolescentes do mesmo sexo; em 30% houve relações heterossexuais e em 10% pedófilia. Na maioria dos casos (60%) sobretudo pela idade avançada dos acusados " são tomadas medidas disciplinares, mas não se inicia qualquer processo ".
Muito se  tem falado nos últimos dias dos escândalos sexuais num coro do Vaticano e noutro dirigido pelo irmão de Bento XVI ...A  multiplicação de denúncias na Holanda, na Alemanha e Áustria  levou o Vaticano a reagir dizendo que desejava "rapidez, determinação  e transparência".
Mas, abriu-se uma caixa de Pandora e de todo o lado surgem denúncias. Na Alemanha foram divulgados abusos em escolas de jesuítas, no coro infantil da diocese de Ratisbona, na escola beneditina de Ettal e na dos franciscanos capuchinhos de Burghausen em períodos entre os anos 1950 e 1980.Em São Pedro de Salsburgo. Por  membros da ordem dos salesianos num colégio interno na região de Arnhem ... As revelações multiplicam-se.
O Vaticano está a tentar reagir mas de dia para dia o escândalo aumenta e está prestes a atingir proporções  assustadoras. Apróxima-se do própio papa obrigando-o a agir. Como?
O padre Hans Kung, presidente da Fundação para a Ética Global e professor da Universidade de Tubingen, lembrou que "milhares de padres protestaram quando o celibato foi introduzido, no século XI. O celibato compulsivo é a raiz de todo o mal...."
O Vaticano está perante uma situação de extrema gravidade.
Veremos, como irá reagir e se será capaz de controlar uma situação que está a adquirir uma dinamica incontrolável.
O Vaticano?
Será que tem possibilidades de romper com regras desumanas que estão na origem de terriveis dramas, que a História nos descreve até à exaustão? Tanto sofrimento! Tantos crimes!  Porquê? Nunca percebi porque se persiste no êrro. Naquela época histórica,  talvez fosse uma hipótese de solução : dominar a carne. Não casar. Abstinência. Quem acredita? Com o desenvolvimento da ciência (sobretudo das Humanas / Sociais) sabe-se que a pulsão sexual é tão forte que é impossível dominá-la ou como se pretendia: sublimá-la. É invencível! E , quando se faz, as marcas que ficam são terriveis para quem sofreu essa privação, que jamais se apagarão.
Medo do passado?
Medo do futuro?

1 comentário:

vanessa disse...

Tem razão em citar a ciência, que nos ensina que a pulsão sexual é mais forte que nós. O celibato imposto poderá estar na origem de desvarios, e podia justificar que se descobrissem casos de sacerdotes que tivessem amigas especiais, namoradas ou mulher e filhos. Na História existem casos de figuras elevadas da hierarquia católica que tiveram filhos, estes pessoas ilustres, influentes na sociedade da epóca.
No extremo, podiam até descobrir-se casos de sacerdotes que abusaram de mulheres, até de homens.
Mas, os casos objecto das ditas queixas ao Vaticano são de pedofilia. E pedofilia é outra coisa.
O pedofilo não se aproxima de um adulto igual a si, com quem estabelece uma relação especial, seja lá que relação for.
O pedofilo também não se aproxima de um adulto, ainda que para "qq coisa" sem o consentimento do outro.
Aproxima-se, sim, de uma criança, tira partido da sua fragilidade, da especial confiança que aquela deposita no sacerdote, não tem qualquer afectividade com aquele miudo, mas desorienta-lhe a cabeça para sempre.
A relação de um padre com uma amiga especial não põe em causa o princípio básico de amar e respeitar o próximo. O acto pedofilo coloca totalmente em crise o referido princípio.
Salvo melhor opinião, o celibato, só por si, não motiva a pedofilia, é preciso qualquer coisa mais.E essa qq coisa mais faz-me crer que aquela pessoa não tem, de todo, perfil para ser padre, nem mesmo que lhe fosse consentido o casamento.