Quem não recorda Simone de Beauvoir, Jean Paul Sartre e o deslumbramento que foi a leitura de "O segundo sexo"?
No dia 31 de Dezembro tive um encontro que muito me impressionou. Uma colega da minha idade. Na livraria do Corte Ingês. Elegante. Culta. Bonita. Reformada. (Óptima reforma-prof .universitária.!)
-Bom ano. Bom ano. Gosto tanto de a ver ! Está tão bem! E o seu marido? Como está?
-Bem. Muito bem. Olhe, acabámos agora a nossa aula de Yoga no H. Place e vamos almoçar aqui.
- O quê? Ele também faz Yoga? Jura?
-E não perde uma aula. Adora! E na última consulta o Gerontologista disse-lhe que ele estava com uns reflexos tão bons que só o queria ver daqui a um ano .
-Incrível! Yoga! Yoga!
-E igualmente faz Pilates. Vai sempre comigo. Para nós é um prazer. Nunca faltamos.
-Quem me dera! Quem me dera! Para mim é impossível. O meu marido... O meu marido... Então desde que se reformou é um horror! Um pesadelo!
- Mas qual é o problema? Está doente?
- Não. Não está doente. É o feitio. O mau feitio ! Um horror!
- Sim? Mau feitio?....
- Não imagina... Não há nada a fazer...
-Não há nada a fazer? Adeus, querida. Gostei de a ver. Bom ano. E....cuide-se.
Cada uma seguiu o seu caminho. Percebi que ela estava prestes a chorar. "Engulia "as lágrimas como deve "engulir" a vida com o marido.
Será que não há nada a fazer?
Vou reler " O segundo sexo". Será que ela o leu há 60 anos?
Tenho explicação para o "mau feitio " do marido da Natália.
Falamos nisso quando desejar, querida.
Sem comentários:
Enviar um comentário