terça-feira, 24 de setembro de 2013

UM CASAL FELIZ ?

Durante muitos anos frequentamos um restaurante de comida goesa, em Campo de Ourique  que era, na altura  considerado o melhor de Lisboa.,
Aos domingos, ao almoço, lé estávamos nós.
Acabamos por criar amizade com o dono, o nosso amigo Sebastião, e, nem precisávamos de  ver o menu pois ele servia-nos tudo o que sabia que preferíamos.
Foi lá que os conhecemos
Como nós eram habitués da casa. da  Velha Goa.

Ela, alta, muito bonita com grandes olhos sorridentes e com um cabelo extraordinariamente  curto.
Ele
Mais baixo
Com uns lindos olhos azuis. Sempre de suspensórios e com um ar tipicamente inglês.
Como nós amavam viajar . No Inverno passavam um mês no Rio de Janeiro. No Outono o seu destino era invariavelmente Hong Kong

Chegámos a nos encontrar lá com eles e , recordamos o belo passeio que demos às ilhas...
Pois bem.
Sabíamos que ele era almirante aposentado e por isso já lhes era possível fazer longas estadias no estrangeiro.
Um determinado dia resolvemos combinar as duas um almoço.
Fomos.
Assim que nos sentamo ela referiu a necessidade urgente que tinha de fazer uma revelação.
O Rui não era o seu marido.
A história era incrível e aqui fica.
Marta casou muito nova com um oficial do exército mas em breve verificou que a união era um fracasso.Ele era imaturo... com um desempenho sexual muito complicado e com graves  problemas de ordem psicológica 
Filho único vivia com a mãe no Restelo.
Marta tornou-se uma filha muito querida. Após prolongada doença a senhora morreu mas antes pediu que a Marta fizesse uma jura :
- Nunca deixaria o marido.
  Jamais o abandonaria.

Que tal ?

Marta jurou e cumpriu.
Tornou-se irmã / mãe / amiga de Miguel e acompanhou-o em todas as missões que ele realizou
Foi assim que conheceu Rui, apresentado pelo marido quando da invasão do Estado da Ìndia.
Ele era da marinha. O marido do exército. Amigos desde sempre
O amor nasceu 
A separação impunha-se mas , por estranho que nos pareça, Marta não conseguiu abandonar o marido.
Havia uma jura solene aliada a uma não aceitação da realidadeda parte dele
E foi assim.
Foi assim que viveram até à morte dos três.
Primeiro o almirante.
Depois Marta
Finalmente Miguel

Havia algo escondido ?
Absolutamente nada
Marta e Rui partiam para as suas viagens de meses e , quando chegavam ela ía para casa onde o marido a esperava
Recordo os telefonemas que fazíamos para saber como ela tinha chegado e ele dizer :
- Acabaram de aterrar.
  Está tudo bem

Acompanhámos as doenças dos nossos amigos
Vimos o respeito que existia entre eles
Sabemos que foi uma situação única e difícil
Ela era extraordinariamente simpática, meiga e divertida.
Nunca teve filhos
Se pode ser condenada será apenas por excesso  de condescendência.

Uma história de amor ?
De amor e amizade 
De sentimentos complicados que originaram uma situação socialmente melindrosa mas que não pode ser levianamente condenada.
Recordaremos sempre com ternura aquele casal que parecia tão feliz mas ocultava uma estranha história.
Estranha mas verídica.
Marta / Rui
Nossos amigos muito queridos !

1 comentário:

Anónimo disse...

História triste desses amigos, mas por mim um juramento é sagrado e eu faria o mesmo que essa amiga fez. Não gosto de jurar porque sei que ficarei escrava da palavra. Há outra coisa que também sou escrava, é das perguntas directas em que posso não dizer a verdade mas não sou capaz de mentir. Claro que esta atitude não é par toda a gente, nem toda a gente merece a minha franqueza. A minha mãe era directa nas perguntas e eu não lhe mentia. Como compreendo a sua amiga, que luta difícil para ela. Linda