Cinco séculos de história da dívida soberana portuguesa
As 8 bancarrotas do Estado português
1560 - o primeiro default oficial
Foi na regência de D. Catarina da Áustria, viúva de D. João III.
Foi devido ao efeito de contágio da bancarrota espanholade 1557 e à acumulação de
dívidas insustentáveis na feitoria de Antuérpia , donde os soberanos portugueses tinham recebido quantias elevadas.
1605 - O incumprimento verificou-se durante a dinastia filipina - filipe III. Ficaria famoso o alvará régio de 30 de Setembro que impunha uma literal extorsão junto dos credores do estado português.
1828 - incumprimento do " empréstimo Dom Miguel ", ainda durante a Guerra civil portuguesa entre miguelistas e liberais. O empréstimo tinha sido contraído por D.Migul mas mais tarde D.Maria Ii repudiaria o pagamento como sendo uma dívida de D.Miguel e não do estado português.
1837 - primeiro incumprimento no reinado de D.Maria II ( neste reinado houve houve 4 com intervalos de 5 a 7 anos ). A indisponibilidade dos ingleses se entenderem com o ministro da Fazenda em Lisboa fechou a torneira do crédito externo.
1841 - Segundo incumprimento no reinado de D.MariaII
1846 - Terceiro incumprimento no reinado de D.Maria II
1850 - Quarto incumprimento no reinado de D.Maria Ii
Estas 4 bancarrotas , reajustamentos e novos empréstimos ocorreram num período de quase 20 anos em que houve o movimento popular Maria da Fonte , em 1846 e a seguir a Patuleia que só terminou com uma convenção em 1847 mediada por uma troika , formada pela França , Espanha e Grã- Bretanha.!!!
1892 - Default parcial declarado no reinado de D.Carlos, cuja renegociação da dívida só terminaria em 1902.
É o mais estudado entre os historiadores económicos portugueses e os analistas de insolvências de estado e nações no século XIX , como William Wynne , que o seleccionou como um caso de estudo , a par do grego, turco , búlgaro e egípcio.
Que tal ?
Até os termos são bem nossos conhecidos.
Mas, para se dizer tudo, temos que referir que os nossos problemas já remontam a 1384 -1422 tendo sido o Mestre de Aviz o campeão da hiper inflação.
A bancarrota teria sido certa se o monarca e os seus conselheiros não tivessem decidido, desde as reuniões em Torres Vedras , em 1412 , desencadear um processo de projecção externa- Conquista de Ceuta e o início dos Descobrimentos
Como vimos as bancarrotas não constituem um acontecimento singular no nosso país.
Como vimos as bancarrotas não constituem um acontecimento singular no nosso país.
E ficamos por aqui pois desde 1880 a famosa revista britânica Economist era pródiga nos avisos de que a situação da dívida portuguesa era preocupante e ainda reinava D.Luís I os níveis da dívida pública já haviam chegado aos 100% do PIB!
"Os mercados monetários da Europa estão a ficar cansados , e não sem razão , da constante solicitação por Portugal de novos empréstimos "
" No próprio interesse de Portugal era preferível que as suas facilidades de endividamento fossem agora ,restringidas ( The Economist , 3/171885 )
Bem
Portugal na Bancarrota
Jorge Nascimento Rodrigues
É apaixonante pois estamos a ver um filme que diariamente é projectado perante os nossos olhos.
1 comentário:
Gosto de fado, mas não chorão. Gosto de ouvir uma bela vós com um poema forte com consistência. O fado é feito por nós, com força, com vontade, podemos acordar tarde, mas é sempre sedo para ir para a frente. A bancarrota para mim é feita por falta de honestidade de quem devia dar o exemplo. Temos poucos exemplos bons. Linda
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