- "Estou cansada de estar só. De me sentir só. De não ter com quem falar. De me arrastar pela casa sem ter o que fazer. Sem ter ninguém para me ouvir. Estou cansada de viver."
Fiquei com pena dela mas, é muito difícil ajudá-la, porque ela não quer ajuda. É casada. Tem 5 filhos. 10 netos. Possibilidades materiais. Atenção e carinho dos que a amam. Que lhe falta, então?
Interesses
Uma vida própria.
Autonomia
Motivação para viver.
Enquanto os filhos cresceram houve as preocupações com eles : acompanhá-los, cuidar deles na saúde e na doença. Ser uma mãe presente. E foi. Dia após dia.Sempre no seu posto.
Mas, eles cresceram e partiram E a vida continua. Diferente, mas continua. E é preciso saber aceitar os novos tempos. Ultrapassar e vencer o tão famoso síndroma do ninho vazio.
Tentei ajudá-la. Motivá-la para ter consciência de si própria. Sentir-se livre, disponível para um outro tipo de vida. Livros. Internet. Ginásio. Passeios pela cidade..........Tudo em vão.
É a tal história :
A solidão está dentro de nós.
Está dentro dela.
Os únicos interesses são os dos outros, não os seus.
Não os tem.
Nunca os teve.
Agora é tarde, segundo a sua prespectiva ( que está errada ). Desde que o queiramos é sempre tempo
Foi uma menina solitária , que nunca se libertou. Uma mulher dependente, que nunca se autonomizou Olha para fora da janela da sua existência , mas só vê o vazio. O nada.
É possível dizermos:
Desta solidão , não temos pena. Solidão é a da Augusta que morreu sózinha e esteve 9 meses sem ninguém se importar com ela. Solidão é a dos velhos acamados que esperam a hora em que alguém lhes leva a sopa e uma réstia de atenção . Solidão é a dos que à noite dormem numa cama fria e numa casa vazia onde não existe o menor ruído.
Tudo é solidão. Tudo é relativo. Cada um sente o peso à sua dimensão E ele é sempre pesado.
Assim , todas as sugestões para a vencer, ( a temível solidão ) são bem-vindas.
Que venham elas pois há sempre alguém pronto a recebê-las.
1 comentário:
O que é que não deu para agora não receber? Nem de filhos, nem de netos, e não dá atenção aos amigos que a tentam ajudar? Também não procurou não procura ajuda externa. Nada a despertou para que no século XX e XXI quase tudo tem resposta e se pode melhorar tanto do corpo como da alma? Não consegue fazer-lhe compreender isto? Como somos diferentes, o que nos magoou? Que a uns desperta e outros ficam parados? Eu ainda não conhecia nada, e eram de poucos conhecimentos os que me rodeavam, mas eu tinha todos os porquês do mundo, o que para mim me ajudou. Assim que ao primeiro conhecimento cientifico, eu fui atrás, quis saber, e só tirei benefícios. Uma vez quis ajudar minha mãe e falei ao medico, ele disse que ela já tinha enquistado, já não dava resultado. Hoje penso que ele ainda tinha todo o conhecimento.Mas já lá vão tantos anos e ainda em Portugal certas coisas eram tabu. Hoje tenho mais idade que minha mãe tinha então, e digo: não é tarde para sermos felizes. O querer saber os porquês da vida faz muita falta. Porquê, porquê, nunca parar de interrogar. Linda
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