quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

FERNANDO PESSOA / SEMPRE

Depois da aula de Yoga,  não resisti a entrar numa "Feirinha do Livro" no Metro do Marquês de Pombal. Fui atraida por  uma edição dos Poemas de Fernando Pessoa - Selecção, Prefácio e Pósfácio de Eduardo Lourenço. Era mesmo o que eu queria : uma antologia Poética deste poeta que tanto admiro. E é um livrinho manejável. Sempre disponível.  Já se me tornou indispensável.
Está aqui. Junto de mim. Eis  um poema  que especialmente me atrai:
"Foi um momento
O que pousaste
Sobre o meu braço
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.Senti ou não?

Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido,
Mas tão de leve!...

Tudo isto é nada
Mas numa estrada
Como é a vida
Há uma coisa Incompreendida...

Sei eu quando
A tua mão
Senti pousando
Sobre o meu braço
E um pouco, um pouco,
No coração,Não houve um ritmo
Novo no espaço?

Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses que tinha de ser.

Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz."

Fernando Pessoa. Sempre.

1 comentário:

vanessa disse...

Também partilho a enorme admiração por Fernando Pessoa.
Aqui o poeta na sua incrível capacidade de capactar os sentimentos, mas não se entregar. Racionalizar tudo.