Conto-a, porque é paradigmática de um tipo de mulher que, por incrível que pareça, ainda existe.
Gosto de experimentar aromas diferentes. Divirto-me a perfumar-me para ver se "pega", pois tenho dificuldade em não criar habituação ao perfume que uso . Com a minha mãe verificava-se o mesmo e acabámos por cair no único que perdura : o velho Paris do Yves Saint Laurent. Estou sempre a tentar mudar (Mãe, cheiras à avó ), é o que oiço habitualmente, mas... acabo no que dura.
Ora, andava eu na minha vidinha calma a tentar escolher algo de diferente para receber no aniversário que se aproxima e dou comigo junto do Paris. Parei. Olhei. Perfumei-me...e reparei numa senhora, talvez da minha idade (não dava para perceber), que parecia hesitante na escolha... Olhei-a e ela, baixinho, como a medo perguntou-me :"- Este será muito forte ?"
-" Não. De modo nenhum ! É óptimo! É o que a minha mãe usava e eu também. Quero mudar porque já estou farta... "Mas não é muito forte? ",repetiu a medo. Então instintivamente peguei no frasco e perfumei-a.
-" Meu Deus! Que horror! Com este cheiro vou parecer uma mulher da vida."
Fugi, claro .
Mas fiquei a pensar neste episódio:
UMA MULHER DA VIDA!
Dezembro de 2010.
2 comentários:
O comentário é delicioso!
Uma pessoa que vê a vida por esta prespectiva não percebeu nada!
Nem sei o que responder a essa frase. Medos, e de quê? Mas, medo era de alguma situação que a marcou, por um passado que não esqueceu, e a que ela não se quer comparar, não acha? Linda
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