Hoje, como costumo fazer assim que me levanto, fui até à janela, para ver como estava o tempo. Chovia abundantemente. Fiquei a olhar para a rua vazia e mais uma vez tive a felicidade de verificar ,como neste princípio de ano as coisas tinham mudado no meu bairro. Estava tudo limpo. Nem uma folha nos passeios. Nem uma embalagem vazia. Nem um papel no chão.
Tanto que reclamei, tanto que achei impossível uma mudança e ela , felizmente ,verificou-se.
Qual o milagre?
Foi então que vi um vulto varrendo cuidadosamente o passeio. Homem ou mulher? Estava com o capuz a resguardar-lhe a cabeça, completamente vestido com o fato impermeável, não dava para perceber. De quando em quando, baixava-se , para apanhar qualquer pequena coisa do chão ( que eu não conseguia distinguir) e continuava a sua tarefa.
Tinha que ser mulher. Tão cuidadosa era mulher, seguramente.
A chuva parou. O capuz foi deitado para trás e verifiquei que o meu pressentimento estava certo. Era uma mulher. Alta, forte, com o cabelo aloirado. Idade ? 40 ? Talvez .Não dava para perceber...
Pensei imediatamente :
Tenho que lhe falar. Elogiar o seu trabalho. Saber da sua vida. Será que vai ficar sempre por aqui ? Que bom seria !
.......................................................
Mais ou menos uma hora e meia mais tarde saí de casa. Fui levantar dinheiro à Caixa Multibanco e tomar o pequeno almoço. Quando saí da Namur, deparei com uma cena incrível. Junto dos 3 eco pontos encontrava-se uma quantidade enorme de caixas vazias, embalagens de cartão, restos de alcatifas... difícil de descrever. Um pandemónio que tinha surgido num ápice. Junto, uma brigada da polícia da Câmara, com alguns empregados da limpeza vasculhavam no lixo, procurando algo.
Um carro parado, fora de mão, esperava. Um senhor de certa idade dava explicações. Todos olhavamos, pasmados.
Depressa ficámos esclarecidos.
A avenida tinha sido acabada de limpar. O transeunte veio descarregar a sua bagagem indescritível, ali, sem mais nem menos...Foi apanhado. Multado. E foi ao carro buscar dinheiro que a mulher lhe deu sem piar.
Que loucura,não é ?
Ainda houve quem dissesse :
-Coitado do homem! Tem que pagar já a multa?
Civilização. Precisa-se.
Têm que aprender a cuidar bem da sua cidade.
-Não acham?
Todos concordadaram com a opinião desta cidadã indignada.
Um pavão do Palácio Galveias apareceu para completar o surrealismo do quadro.
Eles ( os pavões ) costumam aparecer aos fins de semana para tornar a nossa avenida ainda mais bela .
Este chegou, de mansinho. Parou .
Olhou-me.
E abriu as suas azas só para mim.
Tinha que ser mulher. Tão cuidadosa era mulher, seguramente.
A chuva parou. O capuz foi deitado para trás e verifiquei que o meu pressentimento estava certo. Era uma mulher. Alta, forte, com o cabelo aloirado. Idade ? 40 ? Talvez .Não dava para perceber...
Pensei imediatamente :
Tenho que lhe falar. Elogiar o seu trabalho. Saber da sua vida. Será que vai ficar sempre por aqui ? Que bom seria !
.......................................................
Mais ou menos uma hora e meia mais tarde saí de casa. Fui levantar dinheiro à Caixa Multibanco e tomar o pequeno almoço. Quando saí da Namur, deparei com uma cena incrível. Junto dos 3 eco pontos encontrava-se uma quantidade enorme de caixas vazias, embalagens de cartão, restos de alcatifas... difícil de descrever. Um pandemónio que tinha surgido num ápice. Junto, uma brigada da polícia da Câmara, com alguns empregados da limpeza vasculhavam no lixo, procurando algo.
Um carro parado, fora de mão, esperava. Um senhor de certa idade dava explicações. Todos olhavamos, pasmados.
Depressa ficámos esclarecidos.
A avenida tinha sido acabada de limpar. O transeunte veio descarregar a sua bagagem indescritível, ali, sem mais nem menos...Foi apanhado. Multado. E foi ao carro buscar dinheiro que a mulher lhe deu sem piar.
Que loucura,não é ?
Ainda houve quem dissesse :
-Coitado do homem! Tem que pagar já a multa?
Civilização. Precisa-se.
Têm que aprender a cuidar bem da sua cidade.
-Não acham?
Todos concordadaram com a opinião desta cidadã indignada.
Eles ( os pavões ) costumam aparecer aos fins de semana para tornar a nossa avenida ainda mais bela .
Este chegou, de mansinho. Parou .
Olhou-me.
E abriu as suas azas só para mim.
2 comentários:
E para mim ainda ia dormir uma noite numa esquadra, era noticia nas TVs. Como se pode ter essas atitudes em pleno século XXI. Eu não entendo estas atitudes, não entendo. Foi muito bem feito. Linda
Constança, a poesia com que descreve a cena é indescritível!
Desfoquei-me do cerne da questão (embora importantíssima) e deliciei-me com a forma!
Sensibilidade superior, sem dúvida!
Enviar um comentário