terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

UM VELHO AMOR

Na infância , todos diziam :
- Tão parecida com a Shirley Temple!

Que adorava ouvir isto , ninguém tenha dúvidas.
Cantava. Dançava. Sorria .
Imitava-a , pois claro.
Mas
Havia algo que preferia acima de tudo .
De tudo !

Observar os bichos da seda .
Filha única.Adorada por todos
Tendo no quarto dos brinquedos, bonecas que andavam, sorriam e falavam....
Mas, qual era o passatempo   preferido ?
- Sem dúvida os bichos da seda.
Um velho amor !

Apanhava as folhas da amoreira.
Colocava-as numa velha caixa de sapatos 
Debaixo da cama para ninguém ver...
E.
Observava horas a fio a maravilha da criação .

Era a vida que ali estava.
A vida.
Nascimento
Desenvolvimento
Morte.
Nascimento
Vontade de viver 
Romper o casulo.


Ver a borboleta aparecer...
Linda !



Porque recordamos  esse tempo tão distante ?
Tão distante mas presente ?
Porque essas imagens ficaram
Estão.

A nossa casa é o casulo.
Onde sentimos calor.
Proteção e  segurança.
Mas
Sabemos que agasalhada e tranquila está uma borboleta que acabará por romper a parede  que a protege e seguirá o seu caminho.

Recordar tanto a infância é sintoma de velhice.
Dizem.

Será.
Talvez..
..
Mas , escondida  está esta velha imagem
Linda na sua simplicidade!
Uma borboleta saindo do seu casulo.


- Haverá quem não goste de borboletas ?

 Quem não tem uma escondida na sua alma ?

1 comentário:

Anónimo disse...

As lagartas da infância, levava-as dento da caixa de sapatos para Lamego onde ia passar ferias. Em Lamego, havia muitas folhas mesmo ali à mão. Nem sempre foram tempos bons, mas aprendi a separar os bons e os maus momentos. Comigo estou feliz, neste momento estou no meu casulo. Com este aconchego eu não quero romper o casulo. Só a minha amiga para me fazer recordar os momentos bons da minha infância. Linda