domingo, 20 de setembro de 2015

A SENHORA QUE QUER SER LIVRE

Aconteceu esta manhã.
Esperávamos o Metro na Alameda ( para, como fazemos aos domingos, irmos ao Centro Comercial Vasco da Gama) quando uma senhora se sentou ao nosso lado.
Devia ter bastante idade mas apresentava-se primorosamente arranjada  : cabelo branco muito bem penteado, túnica esampada em tons cinza com franja preta e calças brancas. Na mão tinha um saco preto onde se via esta planta : espadas de São Jorge.
Ora , há tempo que desejávamos adquirir um vaso destes  mas em vão. Não conseguíamos encontrá-lo .
Claro que a conversa começou e com a maior simpatia foi-nos dito que o comprara no Corte Inglês , custara 10 euros e não era pesado.
Achamos imensa graça, pois afinal éramos da mesma idade . Ambas já ultrapassamos os 80 !
E , como as palavras são como as cerejas ..... vieram . Ficamos a saber que era viúva, vivia sozinha na Praça de Londres . ( Tem graça , um dos nossos filhos mora lá....dissemos nós ) E tenta ser totalmente independente.,
Pensamos :
Afinal não somos só nós...
Pois é verdade.
A senhora que hoje conhecemos viaja com  amigas e antigos colegas. É professora  reformada do secundário . Tem três filhos e seis netos. Faz voluntariado pois sente essa vocação : ajudar os outros a aguentar o sofrimento ( mais precisamente na fase final das suas vidas ).
Gosta muito de plantas ( daí  ter comprado as espadas de São jorge , que dizem livrar-nos de todos os perigos ) Sabia ? Claro que sabíamos e por isso as desejamos comprar. Sabe , disse ela : não sou medrosa. Sou totalmente independente. Só faço o que quero. Nunca me senti tão responsável como agora. Lar ? Para quê ? Adoro a minha casa . Nem tenho empregada.
Sabe?
Um antigo colega pediu-me em casamento . A sério. Tem essa ideia fixa. Disse-lhe que não necessitava complicar a minha vida que decorre com a maior calma . Diga-me lá : o que ganhava eu com o casamento ?
Só problemas.
Ele tem a minha idade e qualquer dia era um fardo para mim.
É verdade
Quem conhece a liberdade já não a deixa fugir.
Não concorda comigo ?
Bem.
Nós concordamos e ficamos a pensar que deve estar na moda o desejo de independência que domina a quarta-idade.
É corrente ouvirmos esta opinião.
Explicação ?
Claro que tem e é bem interessante.
Será um um  dos próximos temas a refletirmos convosco.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se há uma coisa que as mulheres nunca foram foi serem parvas. Isto para fazer jus à canção da Ana Bacalhau, "parva é que eu não sou" Mas esta oportunidade só se tem, sem se tiver independência monetária acrescente-se Linda