Saramago (ainda Saramago e o seu Caim...) levou-me à Bíblia que, confesso, há anos não folheava.
E recordei um texto que sempre me fascinou. Obriga-nos a pensar. Tão actual! Tão sábio!
ECLESIASTES 3:1-8
- Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
- Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
- Tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
- Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
- Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se;
- Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora;
- Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
- Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
(Edição Almeida, corrigida e revisada de modo a tornar a leitura mais fácil)
Obrigada, Saramago.
Muito obrigada.
Como me sinto feliz por ter relido estes maravilhosos pensamentos!!!
Que me levaram para longe, longe... nem imaginas até onde...
Um mérito temos de reconhecer a esta polémica, seja ela campanha mediática, ou o que lhe quiserem chamar!
ResponderEliminarAcabou por agitar consciências, levando muitos a ler, pela primeira vez, ou reler as páginas da Bíblia.
Uns e outros cresceram em conhecimento e tudo o que seja ficar mais lúcido é excelente.
Excelente, também, a passagem da Bíblia que tão oportunamente a Constança "postou" (vamos lá utilizar a nomenclatura própria de uma blogger...) :):)
A polémica suscitada pelo comentário do escritor José Saramago, que certamente contribuirá para vender o seu Caim, constitui sobretudo um incentivo a ler ou reler a Biblia.
ResponderEliminarTodos (ou muitos de nós) quererão saber se ele (Saramago) tem razão nos seus comentários.
Da minha parte, sinceramente, não esperava de um escritor uma leitura tão literal da Biblia.
A mensagem contida na Biblia sobreviveu a 2000 anos de história, durante os quais tudo mudou e tudo está igual.
E, se assim foi, é porque (parece-me) a sua narrativa e as suas metaforas têm a intensidade suficiente para tocar o coração e a alma dos homens de todos os tempos.
A profundidade da fé dos homens em Deus não se poderia transmitir pela descrição de sacrificios insignificantes, mas sim por grandes gestos de abnegação.
Em contraponto, o Deus da Biblia dá a sua vida pelos Homens. É o garante da Justiça e da vida eterna, suprema aspiração de todos os homens.
No meu intimo creio que Saramago, se não se comoveu com a mensagem da Biblia, a verdade é que ela, de modo algum, lhe é indiferente.
Ela perturba-o. Saramago recorrentemente tenta resolver, aquilo ao qual apenas poderá chegar pela Fé. No Evangelho Segundo Jesus Cristo o escritor, tentando encontrar uma explicação terrena para a vida de Cristo, escreve apaixonadamente sobre Deus. Mais, coloca-O como persnonagem do seu livro, descreve-o a dialogar com o Diabo.
Nisto Saramago revela que o Deus (que ele repudia) não lhe é indiferente.
O escritor é, sim, (apenas) um homem em crise com Deus. E nesta crise, diria Hegel, é um instrumento de Deus, que se conhece nos homens.
No fim de contas, Saramago tem um crucifixo na parede do escritorio onde escreve na sua casa em Lazarote e , escolheu para companheira de uma, vida, uma mulher que já foi freira.